Um ano e muitos meses depois

Estou digitando isso no meu mais novo trabalho.São quase nove horas da manhã, é um sábado chuvoso na capital Baiana. Me mudei no dia 15 de dezembro de 2018, para morar em um aconchegante apartamento em Salvador. Trouxe comigo muitas preocupações, conquistas pessoais e bagagens que não couberam no apartamento de 2 quartos, que apesar de amplo, carecia de móveis.
A saída de casa foi tranquila, apesar do movimento de perda de tudo que adquiri desde que comecei a trabalhar, aos 18 anos. Livros de grande estima, cama, escritório, materiais de estudo, tudo foi deixado para trás. Um movimento traumatizante e que me abalou por vários meses depois que decidi viver junto de uma pessoa que eu não conhecia até então.
Em setembro do ano passado, meu noivo me fez a proposta de nos mudarmos para Salvador. Eu estava cursando duas disciplinas na faculdade, a de TCC 2 e a de Estágio no Ensino Fundamental. Tinha retornado a trabalhar, ainda que como estagiário e recebendo R$600 por mês, iniciado uma rotina de exercícios em uma academia, estava com uma rotina de estudos fechada e com projetos de me mudar para Salvador apenas em agosto de 2019. Foi uma decisão difícil de ser tomada, especialmente por conta do prazo curto. Repassar para os familiares, correr para terminar um TCC em três meses, perder a orientadora, procurar uma nova que topasse o desafio, conciliar tudo isso com a rotina pré-estabelecida, abandonar uma série de projetos de estudo, esquecer de amigos e mínimos prazeres, correr atrás de vender muita coisa e juntar dinheiro... Para que no dia 14 de dezembro, eu deitasse pela última vez em uma rede, no quarto que até então era meu, fechasse meus olhos e dormisse profundamente.
Acordo com minha mãe me chamando para me aprontar. Café na mesa, banho tomado, aguardo minha irmã vir me buscar, saímos, buscamos meu noivo, nos despedimos daquela cidade que por tantos anos foi minha única referência de mundo. A despedida com a minha mãe foi tão rápida quanto todas as outras despedidas. Prometemos não chorar por conta disso. Eu a abracei, senti o cheirinho dos seus cabelos, entrei pelo portão de embarque e, por uma hora e meia, senti a ansiedade do voo.
Chegamos em Salvador. Fomos para a casa de minha cunhada, almoçamos e conversamos bastante para só no dia seguinte, irmos para o apartamento que iríamos viver. Era um sabor agridoce, de ter conquistado a independência, junto do amargo sabor da solidão e do desalento.
O apartamento só possuía a geladeira, os armários de cozinha e do quarto, a máquina de lavar roupa e um fogão doado pela minha cunhada. Era vazio ao ponto de fazer ecos por todos os cômodos quando se falava da sala.
A cama demorou bastante tempo para chegar, assim como qualquer tipo de conforto para se declarar aquele ambiente como um lar. Foi complicado administrar um lugar quando se está em séria instabilidade emocional.
No dia 17 foi o único dia livre que tive para sair às compras e procurar utensílios domésticos que me servissem para poder usar na casa: panelas, travessas, pratos, copos, louças, toalhas, roupa de cama, talheres... E mesmo com uma lista em mãos, ainda faltou coisas pequeníssimas que só fomos dar falta no fim.
Fizemos as compras da casa. Compramos muita coisa inútil, que até hoje só estão a ocupar espaço na casa.
Depois, foram semanas comendo no chão, dormindo no chão enquanto a cama não chegava e sem acesso à um computador por falta de uma mesa em que se pudesse colocá-lo.
Dia 18 de dezembro, eu já começava a trabalhar no meu novo emprego, como recepcionista em um consultório veterinário. Outra mudança dramática na minha vida. Iniciar a vida em um emprego no qual não tinha qualquer experiência e trabalhar diretamente com um público que sempre tive problemas para lidar, adultos.
Vieram os festejos, os problemas para administrar alimentação, contas, limpeza e saúde... acabei fracassando em todos eles.
Criei um calendário semanal de afazeres, esperando obter ajuda de meu marido, mas tudo que tivemos nos primeiros meses foram grandes brigas para se adaptar aos costumes e hábitos um do outro.
Desisti e tive graves crises de identidade, ansiedade e até depressivas por conta disso. Chorei bastante por não ter capacidade de administrar a nova vida que estava levando. Lavar, cozinhar e organizar, tudo sozinho foi algo frustrante. Ainda por cima, em março do mesmo ano, tive a brilhante ideia de adotar uma cadelinha. O que acarretou em uma companhia mais acolhedora, porém em muitos desgastes, na relação como no bolso. Ela continua conosco, e como primeira fêmea da casa, recebeu o nome de Evita.
Acertamos em contratar uma diarista para realizar o trabalho de limpeza e organização da casa por pelo menos uma vez na semana. Já quanto a comida e manutenção, aos poucos, temos compartilhado a obrigação.
Prestei concurso para o cargo de professor de ensino fundamental I, 20 horas no dia 09 de Junho, obtive aprovação nas duas primeiras fases, porém com uma colocação baixa, agora aguardo ser convocado para os testes psicológicos e para por fim saber se serei convocado ou não para voltar a docência.
Por conta disso, aguardar essa situação de aprovação ou não aprovação me colocou a criar outros projetos e a me deixar ainda mais confuso.
Sigo, então, desde o começo do mês de agosto com uma atividade em dupla, com uma antiga colega de trabalho, que se encontra em situação equivalente à minha, para que possamos explorar nossos sentimentos e confiar ao outro situações que não podemos expor para nossos cônjuges.
Para quem estiver lendo no momento, há muita coisa ainda a ser exposta, mas fico feliz em ter retornado à esse espaço onde posso descrever o que vem ocorrendo na minha vida.
Sigo lendo, jogando, malhando e pouco estudando... o que talvez deva ser remediado o quanto antes. Temo me tornar um estúpido.
Lendo: O Último Desejo.
Estudando: Noções básicas de administração

Desabafo e Marcos Recentes

É estranho como muita coisa pode mudar depois de ter lido as postagens que fiz no ano passado. Dediquei boa parte do meu tempo com aprofundamento nos estudos de diversas línguas que hoje já não me fazem qualquer falta. Firmei um compromisso com o mandarim e pretendo firmá-lo como uma segunda língua. Vou deixar isso registrado para que o Rodrigo de 2028, possa dizer o quanto o Rodrigo de 2018 avançou. É estranho pensar na vida em uma perspectiva de 10 anos, mas até lá espero estar ao menos com um emprego que me torne capaz de viver uma vida digna. Nossa... espero muito que a internet ainda esteja de pé até lá.
O que posso dizer é que depois de uma viagem encantadora (ao mesmo tempo extenuante) para Salvador, dei foco nos meus estudos de japonês e de chinês, porém larguei o japonês recentemente por conta do conflito gerado entre os estudos das duas línguas asiáticas. Ficando o chinês como a "爱的语言", ou a língua para ser usada entre o casal.
Depois de uma das brigas mais atordoantes do nosso relacionamento, acabei dando fim ao meu kindle, o que me impossibilitou de levar várias leituras em língua inglesa adiante. Jamais saberão o quanto me arrependo disso.
no dia 23 de Maio fui na minha primeira consulta à psicóloga e desde então venho praticando meditação constante.
Não registrei exatamente em que dia eu iniciei meu curso de digitação por toque, mas devo dizer que começo a notar certos efeitos desejados em não desviar o olhar da tela enquanto teclo. Ainda não terminei as 15 lições do curso.
A metodologia de estudo PSA foi subitamente abandonada por conta das disciplinas de estágio e de TCC 1 que consumiram boa parte do meu tempo.
Além disso, eu, meu noivo e um grupo de amigos iniciamos uma mesa de RPG, para além da diversão, termos a possibilidade de relaxar juntos e desopilar a cabeça do cenário político e econômico atual.
Fiquei severamente doente esse ano, gripes e outras coisas, nada comparado ao ano passado, tal ocorrido causou graves "buracos" em minhas rotinas, que de 8 etapas passou para apenas 5.
Tentarei recuperar mensalmente esse blog, talvez isso me ajude a manter um pouco mais o foco que se encontra conturbado em minha cabeça.
12/06/2018: estudando chinês por meio de cópia do Assimil, escuta do Chinese Pod, assistindo 快乐汉语, mantendo um grau de conversação básico com meu noivo (noivamos no dia 29 de setembro de 2017).Iniciando, hoje a primeira lição do livro New Practical Chinese 1.

Marcos recentes

27/04/2017 : Terminei Entrevista com o Vampiro
27/04/2017 : Lendo Illidan
07/05/2017: Terminei Pimsleur Unidade 2

Da necessidade de elaborar um planejamento

Reconhecer que errou é algo muito simples para alguém que é acometido rotineiramente por mudanças de humor muito grande.
Um bom exemplo de erro é quando pensamos que a vida se baseia em nossos próprios projetos e esquecemos todas os outros fatores "satélites" que a circulam, tais como: a sociedade e a política, os aparelhos eletrônicos, as atividades extracurriculares, a própria cabeça e o relacionamento, seja ele fraternal ou romântico. Eis um ponto a ser observado nas próximas estratégias que virão.
Planejei meu mês como manda o modelo padrão de planejamento que sigo. O mês mal começou e eu já encontro lotado de atividades da faculdade, que para ser bem sincero me despertam bastante prazer: ler um livro de Sartre, um de Nietzsche, outro sobre evolução do ensino de ciências, um sobre leitura e escrita, outro sobre formação e organização social do ser humano, etc.
Mas o que vem em questão é: Como manter meus relacionamentos afetivos funcionando, quando mal encontro tempo para relacionar-me comigo mesmo?
Vejo a necessidade de um outro planejamento, mas o adiamento do mesmo vem por reconhecer que ele será um atestado de incompetência, tal qual fora o semestre anterior.
Gostaria de adquirir forças misteriosas para que eu não surte com tanta negligência.

Pois bem, vou descrever aqui os pontos a serem observados no planejamento seguinte:
Reduzir o número de conteúdos P, S e A ( primários, secundários e afetivos)
Criar uma linha de linguagem que caiba no meu tempo disponível:
N, S e P ( Nova língua, Segunda língua e Padrão)
Dedicar mais tempo aos trabalhos e necessidades da faculdade.

Rodrigo Almeida

Ainda lendo Tommyknockers.
Estudando apenas: Chinês, linguística.
Me dedicando quase que inteiramente à faculdade.

Um novo semestre se aproxima

Hoje, tirei para crer que ter boas férias e se render mesmo que um pouco aos próprios prazeres não destroem nem um pouco o seu rendimento acadêmico.Terminei o semestre passado com gana de encontrar algum tipo de renda financeira que conciliasse com meu plano de crescimento acadêmico. Pois bem, encontrei uma fonte de renda que não poderia ser melhor. Iniciei hoje minha primeira atividade como monitor da disciplina de Ensino da Língua Portuguesa. Como um ansioso de marca maior e atestado guardado dentro de uma pasta, essa nova designação tem me causado alguns ataques de ansiedade noturno que me causaram várias crises de insônia alguns dias atrás.
Existe uma série de coisas que preciso colocar em dia, uma delas é resgatar meu hábito de estudo e meu antigo fôlego. Além dessas duas, acho de extrema necessidade dar um significado para meus estudos menos intensos, tais como a gramática e a matemática que andam bem esquecidas.
Agora que consigo entender a necessidade de resgatar a matemática e a gramática, reelaborei meu plano de estudos e me sinto bastante confortável com a decisão que tomei, pois reduzi a carga e passei a pensar mais na qualidade do aprendizado, do que na intensidade com o qual estudo e processo toda essa informação.
Acabei definindo minhas atividades da seguinte maneira
Idiomas -
Inglês: escutar áudiobook, leio um artigo, assisto uma aula do The Great Courses e faço anotações.
Francês/Alemão: releio 5 capítulos do Assimil e copio uma lição para desenvolver a ortografia. (pretendo futuramente alugar alguns livros para ler e desenvolver ainda mais o vocabulário.)
Chinês: faço o Rosetta Stone, treino 汉字, escuto o Pimsleur ( atualmente reiniciei o volume 2 do curso), escuto Chinesepod 101 e tento me expor assistindo 快乐汉语 e por fim faço o Anki para revisar alguns 汉字.
Acadêmicos
Leitura: faço a leitura de um capítulo de alguns dos livros e repasso tudo para o word ou faço anotações para lembrar alguma passagem importante e ao final faço um fichamento.

Cada uma dessas atividades tem como meta central desenvolver e aprimorar minhas habilidades para que um progresso na faculdade seja desenvolvido sem maiores problemas. Volto então a trabalhar a serenidade de espírito e a abdicação dos antigos prazeres impondo limites e medidas para que eles não tomem conta de meu tempo livre.
Espero estar fazendo a cosia certa.

Rodrigo Almeida
(Estudando: Chinês, inglês, alemão, francês, matemática, português, desenvolvimento neurológico, linguística, artful reading, filosofia, política educacional, escrita, língua portuguesa, metodologias de ensino e um pouco de coaching.)
Lendo: Tommyknockers e Confucius a Biography.

Recomeçando

Após passar alguns meses de pura procrastinação e displicência com meus estudos e formação intelectual, resolvi buscar formas de me reerguer diante da inércia. Disposição essa que surge após a súbita percepção do meu atual estado financeiro, profissional e acadêmico. Em ambos tenho me sentido um fracasso de marca maior, logo não existem outras alternativas para aproveitar o tempo vago que não seja: lendo, estudando e praticando. Para isso ter algum valor, seria necessário algo além da boa vontade, como também uma logística que permitisse alcançar objetivos.
Acredito que não seja uma dificuldade só minha, mas para todos aqueles que tão pessimistas como e, acreditam que criar expectativas é uma tarefa tão árdua pois envolve responsabilidades e a possibilidade de fracasso. Mas, essa falta de metas e de objetivos tem me tornado um indivíduo cada vez mais fraco e inerte. Criar metas vai muito além de uma simples tarefa motivacional, requer planejamento, disciplina, sacrifício e responsabilidade.
Para alcançar tais valores, estou lendo alguns livros de caráter motivacional e que de certo modo deturpam tudo aquilo que a graduação em pedagogia ( altamente voltada para uma linha humanista/progressista/freiriana as quais não reservo nenhuma crítica) me ensina, por vezes fica difícil encarar algumas das máximas sem sentir uma pontada de incredibilidade pelo autor. foi difícil admitir no começo que eu não estava armado com as melhores afirmações sobre o critério educacional. Vejo que, de uma perspectiva exterior, a universidade possui um belo discurso, válido quando se busca a formação humana. Mas quando tratamos de uma busca pessoal, é impossível não concordar com aquilo que as diretrizes mais tradicionais e "diretivas liberais" comentam em seus livros, em sua grande maioria "bestsellers". Há muito que ser discutido, e finalizarei esse post, apenas para apresentar esse novo blog, de maneira a contemplar, ao fim de uma jornada o que ocorre com minha mente e com meus estudos.

Rodrigo Almeida
Atualmente Estudando: francês, alemão, mandarim, inglês, gramática, matemática ( Álgebra I)
Atualmente lendo: Tommyknockers, O Grito de Guerra da Mãe Tigre.